A comemoração do dia 2 de Julho é
uma celebração às tropas do Exército e da Marinha Brasileira que,
através de muitas lutas, conseguiram a separação definitiva do Brasil do
domínio de Portugal, em 1823. Neste dia as tropas brasileiras entraram
na cidade de Salvador, que era ocupada pelo exército português, tomando a
cidade de volta e consolidando a vitória.
Esta é uma data máxima para a Bahia e uma das mais importantes para a
nação, já que, mesmo com a declaração de independente, em 1822, o Brasil
ainda precisava se livrar das tropas portuguesas que persistiam em
continuar em algumas províncias. Então, pela sua importância,
principalmente para os baianos, todos os anos a Bahia celebra o 2 de
Julho. Tropas militares relembram a entrada do Exército na cidade e uma
série de homenagens são feitas aos combatentes. entre todas as comemorações, a do ano de 1849 teve um convidado muito
especial. O marechal Pedro Labatut, que liderou a tropas brasileiras nas
primeiras ofensivas ao Exército Português, participou do desfile, já
bastante debilitado e sem recursos financeiros, mas com a felicidade de
homenagear as tropas das quais fez parte.
Para chegar a este dia, muita luta foi travada...
O Brasil do início do século XVIII ainda era dominado por Portugal,
enquanto o Rio de Janeiro, Pernambuco, Minas Gerais e a Bahia
continuavam lutando pela independência. As províncias não suportavam
mais a situação e, percebendo os privilégios que o Rio de Janeiro estava
recebendo por ser a capital, Pernambuco e Bahia resolveram se rebelar.
Recife deu início a uma revolução anti-colonial em 6 de março de 1817.
Esta revolução tinha uma ligação com a Bahia, já que havia grupos
conspiradores compostos por militares, proprietários de engenhos,
trabalhadores liberais e comerciantes. Ao saber desta movimentação, o
então governador da Bahia, D. Marcos de Noronha e Brito advertiu alguns
deles pessoalmente.
O governo estava em cima dos conspiradores e, devido à violenta série de
assassinatos, muito baianos resolveram desistir. Com toda esta
repressão, a revolução de Recife acabou sendo derrotada. Os presos
pernambucanos foram trazidos para a Bahia, sendo muitos fuzilados no
Campo da Pólvora ou presos na prisão de Aljube, onde grande personagens
baianos também estavam presos.
Movimentação pela independência:
Diante das insatisfações, começaram as guerras pela independência. Os
oficiais militares e civis baianos passaram a restringir a Junta
Provisória do Governo da Bahia, que ditava as ordens na época, e com
esta atitude foi formado um grupo conspirativo que realizou a
manifestação de 3 de Novembro de 1821.
Esta manifestação exigia o fim da Junta Provisória, mas foi impedida
pela "Legião Constitucional Lusitana", ordenada pelo coronel Francisco
de Paula e Oliveira. Os dias se passaram e os conflitos continuavam
intensos. Muitos brasileiros morreram em combate.
Força portuguesa:
No dia 31 de Janeiro de 1822 a Junta Provisória foi modificada. E depois
de alguns dias, chegou de Portugal um decreto que nomeava o brigadeiro
português, Ignácio Luiz Madeira de Mello, o novo governador de Armas. Os
oficias brasileiros não aceitavam esta imposição, pois este decreto
teria que passar primeiro pela Câmara Municipal. Houve, então, forte
resistência que envolveu muitos civis e militares.
Madeira de Mello não perdeu tempo e colocou as tropas portuguesas em
prontidão, declarando que iria tomar posse. No dia 19 de fevereiro, os
portugueses começaram a invadir quartéis, o forte São Pedro, inclusive o
convento da Lapa, onde haviam alguns soldados brasileiros. Neste
episódio, a abadessa Sónor Joana Angélica tentou impedir a entrada das
tropas, mas acabou sendo morta.
Concluída a ocupação militar portuguesa em Salvador, Madeira de Mello
fortaleceu as ligações entre a Bahia e Portugal. Assim a cidade recebeu
novas tropas portuguesas e muitas famílias baianas fugiram para as
cidades do recôncavo.
Contra-ataque brasileiro:
No recôncavo, houve outras lutas para a independência das cidades e o
fortalecimento do exército brasileiro. O coronel Joaquim Pires de
Carvalho reuniu todo seu armamento e tropas e entregou o comando ao
general Pedro Labatut. Este, assim que assumiu, intimidou Madeira de
Mello. Labatut organizou todo seu exército em duas brigadas e iniciou uma série
de providências. Aos poucos o exército brasileiro veio conquistando
novos territórios até chegar próximo a cidade de Salvador.
Madeira de Mello recebeu novas tropas de Portugal e pretendia fechar o
cerco pela ilha de Itaparica e Barra do Paraguaçu. Esta atitude
preocupava os brasileiros, mas os movimentos de defesa do território
cresciam. E foi na defesa da Barra do Paraguaçu que Maria Quitéria de
Jesus Medeiros se destacou, uma corajosa mulher que vestiu as fardas de
soldado do batalhão de "Voluntários do Príncipe" e lutou em defesa do
Brasil.
Em maio de 1823, Labatut, em uma demostração de autoridade, ordenou
prisões de oficiais brasileiros, mesmo sendo avisado do erro que estava
cometendo, e acabou sendo cassado do comando e preso. O coronel José
Joaquim de Lima e Silva assumiu o comando geral do Exército e no dia 3
de Junho ordenou uma grande ofensiva contra os portugueses. Com a força
da Marinha Brasileira, o coronel apertou o cerco contra a cidade de
Salvador, que estava sob domínio português, restringindo o abastecimento
de materiais de primeira necessidade. Diante destes fortes ataques e
das necessidades que estavam passando, Madeira de Mello enviou apelos e
acabou se rendendo. Com a vitória, o Exército Brasileiro entrou em
Salvador consolidando a retomada da cidade e fim da ocupação portuguesa
no Brasil.
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